terça-feira, 23 de maio de 2017

É possível ser mais leve?


Dias desses, buscando uma interessante e nova leitura, no site da Amazon, me deparei
com uma promoção no livro, Que ninguém nos ouça: Terapia Virtual entre duas mulheres,
de Cris Guerra e Leila Ferreira. Duas mulheres que trocam emails, falando sobre a vida,
suas dores, pensamentos e sentimentos. Adorei! Buscando mais informações sobre ambas,
encontrei uma entrevista com a Leila Ferreira no site Vivo Mais Saudável e achei interessante
alguns trechos, que compartilho aqui com vocês.

"VMS: Como conseguir ter mais leveza e carregar o "peso" da vida?

Leila Ferreira: Antes de mais nada, é preciso deixar claro que aprender a ser leve não é fácil. Mas é possível. Não a leveza dos livros de ficção ou dos filmes adocicados: essa, felizmente, está fora do nosso alcance, porque, do contrário, viver seria um tédio, uma "sessão da tarde" sem fim.

A leveza a que me refiro é aquela que convive com as angústias, as perdas, as frustrações cotidianas e as dificuldades muitas vezes gigantescas que fazem parte do viver. Ser leve não é se alienar. É ter em conta que a condição humana é precária, a vida é muito complexa, mas, mesmo assim, ou exatamente por isso, precisamos desenvolver mecanismos para reduzir o peso que carregamos dentro de nós.

Andamos obcecados com o peso do corpo - a ele estamos sempre atentos. Mas nossas almas andam obesas. Estamos cada vez mais estressados, ríspidos, intolerantes, ou seja, corremos o risco de ficar com corpos esbeltos e obesidade mórbida de espirito.

VMS: E como reduzir essa carga interior?

Leila Ferreira: Cada um vai achar seu caminho. Mas acho que, qualquer que seja esse caminho, ele começa por uma reflexão, uma tomada de consciência. Temos vivido no piloto automático, sem pausas para refletir, e nessa correria desenfreada é muito fácil adotar comportamentos que nos fazem mal, nos adoecem emocionalmente. 

VMS: O que é felicidade para você?

Leila Ferreira: Acho que a melhor definição de felicidade que eu já vi foi uma frase escrita em um outdoor, em Paris: "A felicidade é a soma das pequenas felicidades". A partir dessa frase, meu conceito mudou. Eu vivia esperando aquela felicidade em letras maiúsculas, com vários pontos de exclamação. 

Hoje acredito numa felicidade discreta, modesta, uma felicidade homeopática, administrada em bolinhas quase imperceptíveis. Um pôr de sol aqui, um café recém-coado ali, uma paixão que nos pega de surpresa, uma amiga que nos faz rir... tudo isso, somado, pode levar à felicidade. Pode, que fique claro. Porque para a felicidade não existem garantias.

VMS: O que deixa a Leila Ferreira em paz?

Leila Ferreira: Antes de mais nada, um bom livro. Quando leio uma história que me apaixona (principalmente os livros policiais), o mundo real deixa de existir e, como o mundo real não anda fácil, "fugir" dele por algumas horas nos acalma. "

Pra quem quiser ler a entrevista inteira é só clicar aqui e a Cris Guerra também
tem um site, aqui
O livro? Ainda estou lendo, mas adorei o estilo e as conversas por email



sábado, 13 de maio de 2017

Mãe é de graça!


"É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um erro de avaliação. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se viramos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. 
O mundo quer defender o seu, não o nosso. 

O mundo quer que a gente torre nossa grana, que a gente compre um apartamento que vai nos deixar endividados, que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, nossos dentes, nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba. 

O mundo nos olha superficialmente. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, magros e vitoriosos para enfeitar a ele próprio, como se fossemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa. 

O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não nos escuta. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego. 

Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo nos exige eficiência máxima, seleciona os mais bem dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça."

Feliz dia das Mães 

Martha Medeiros



terça-feira, 2 de maio de 2017

Pedras das tristezas e Pedras das alegrias


"Faça uma lista numerada das tristezas em sua vida.
Empilhe pedras que correspondam a esses números. 
Acrescente uma pedra cada vez que houver tristeza. 
Queime a lista e aprecie 
o monte de pedras por sua beleza.
Faça uma lista numerada das felicidades em sua vida.
Empilhe pedras que correspondam a esses números. 
Acrescente uma pedra cada vez que houver felicidade. 
Compare o monte de pedras
ao monte de tristeza."
(peça de limpar, yoko ono, 1996-2017)

"Esta é a obra de abertura da exposição da Yoko Ono que está em cartaz no Tomie Ohtake, aqui em São Paulo, que eu fui visitar com uns amigos no domingo (e que tem o nome que batizou a cartinha de hoje). 

Quando a vi, minha primeira reação foi a de comparar os dois montes de pedras ali dispostos aos visitantes; e minha dedução imediata, nesses milésimos de segundo entre ler as instruções e analisar as tais pedras, foi pensar que a pilha da felicidade seria maior, porque as pessoas poderiam materializar o quanto de alegrias e razões para sorrir temos nas nossas vidas (saúde, condições, afetos, recursos). 

Porém, para minha surpresa, os montes tinham praticamente o mesmo tamanho. Porque não era sobre um ser maior que o outro: era sobre reconhecermos que um não existe sem o outro. Não há tristeza sem felicidade, como não há dia sem noite, não há frio sem calor; e tantas outras forças aparentemente antagônicas que só existem porque a outra está lá, para fazer contraponto."

Nathalia Pires, Trecho tirado daqui daqui