segunda-feira, 20 de março de 2017

Não seja uma pessoa que você odeia



"Talvez você pode até ter alguma dúvida sobre o que fazer para agradar alguém, entrando num ciclo eterno sobre o que fazer para chamar atenção daquele alguém, por exemplo. Mas, em contrapartida, você sabe exatamente o que fazer para desagradar alguém. E sabe por quê? Porque você sabe o que você odeia. Você sabe tudo o que te tira a paciência e tudo o que te faz perder sono. Você sabe muito bem.

E é por saber tudo o que você não gosta de viver, que você não deve fazer o mesmo. Afinal, não faz sentido você dizer “vamos combinar sim” e não combinar nunca, se você odeia ouvir um “vamos combinar sim” e nunca ser combinado de fato. Não faz sentido você eventualmente mentir falando que “esqueceu que tinha compromisso” se você odeia que pareçam estar mentindo para você que há algum compromisso.

Isso é tudo o que você odeia e tudo o que você não pode ser. Você não pode reclamar se a resposta demora para chegar se você também demora para responder. Não pode reclamar se as coisas não dão certo para você, se você não move um dedo para que comecem a dar – e só vive nessa onda infinita de reclamar, reclamar e reclamar.

Não seja uma pessoa que você odeia. Não seja quem não dá a mínima em respeitar outra pessoa e o sentimento dessa outra pessoa. Não seja quem pisa em cima de qualquer consideração e faz das pessoas bonecos para brincar e guardar depois – não seja isso porque você odeia que sejam assim com você.

Não é difícil de fazer. É só não fazer o que você odeia que te façam. Não seja o motivo da raiva de alguém pelos mesmos motivos que você não gosta de ter raiva de alguém. Não seja conivente com um comportamento que considera horrível que tenham com você.

E depois disso tudo, pode até parecer injusto, pode parecer que você “é só mais uma pessoa boazinha vivendo coisas que não dão certo”, mas no fim sempre será você e sua consciência limpa de fazer coisas que gostaria que fizessem com você; será você e a sua certeza de que vai colher cada coisa boa que plantou; no fim será você estando em paz com as suas atitudes e sentimentos.

Pra gente não estragar a vida de alguém, é só a gente não fazer o mesmo que já tentaram para estragar a nossa. Que seja então você a exceção, que seja você que vai perpetuar um jeito bom de lidar e cuidar de alguém – exatamente daquele jeitinho que você gosta que lidem e que cuidem de você. Não seja uma pessoa que você odeia. Seja você, seja exatamente daquele jeitinho como gostaria que fossem com você."

Márcio Rodrigues, tirado daqui

E a propósito, Seja Bem Vindo Outono, já disse que você é meu favorito?






segunda-feira, 13 de março de 2017

Culpa e Desafio


"Admite a tua parcela de culpa.
Não apontes os outros como responsáveis pela tua infelicidade.
Mesmo tendo razão, não acuses,nem alardeies as faltas alheias.
A rigor, ninguém erra porque queira.
Supera os teus possíveis traumas.
Absolvendo aqueles que não puderam oferecer-te mais.
Todos nos movimentamos dentro de certos limites.
Ninguém consegue, sem esforço de auto-superação, dar mais do que recebeu.
A compreensão pode suprir muitas deficiências psicológicas.
Não te cobres em excesso e aprende a ser indulgente.
A aceitação do que és e do que os outros são-eis o teu maior desafio."

Do site Planeta Lindo




quarta-feira, 8 de março de 2017

Lugar de Mulher


"Ou muito me engano, ou as mulheres estão se reproduzindo feito coelhas. Temos irrompido em bando. É muita mulher no mundo. É mulher para tudo que é canto. Uma ocupação epidêmica. 
Alguém irá lembrar que não são tantas assim atuando na política, e tem razão – ainda não somos muitas em plenário - mas tampouco somos maioria apenas em academias de ginástica e salões de beleza. Estamos espalhadas por todos os lugares que interessam, principalmente em ambientes que envolvem arte, cultura, reflexão, conhecimento.

Num espetáculo de teatro, pode reparar: na plateia, só dá mulher. São 10 para cada homem – e acho que estou exagerando na condescendência, talvez sejam 15 para cada um deles. 
Dentro de um cinema, a diferença diminui, mas ainda estamos em maior número (outro dia ouvi uma explicação peculiar: é que mulheres vão umas com as outras ao cinema sem nenhum constrangimento, enquanto que um homem não pode convidar um amigo porque pensarão que ele é viado – não é uma sociedade evoluída a nossa?)
Em exposições: mais mulheres, todas absorvendo novidades.
Em saraus: mais mulheres, todas escutando poesia.

Em palestras de filósofos, escritores, humanistas: mais mulheres, todas de ouvidos atentos.
Em shows: o número tende a se equilibrar, mas ainda mais mulheres. 
Dentro de livrarias: mulheres lendo, publicando, dilatando o intelecto. 
Ganhamos menos que os homens, e mesmo assim reservamos parte do nosso salário (quando é possível) para atender às demandas da nossa sensibilidade, a fim de termos uma existência mais rica, mais estimulante. 

Agora adivinhe quem lota as cadeiras de bares e botecos: ora, mulheres, claro. Depois do teatro, do cinema, da palestra, voltar pra casa? Teria graça. Bora conversar umas com as outras sobre tudo o que foi visto, de preferência com um cálice de vinho ou um chope gelado em mãos. 
Em substituição ao obsoleto “lugar de mulher é na cozinha”, surgiu o libertário “lugar de mulher é onde ela quiser”. Mas tem que querer mesmo. Ainda há quem se acomode num confinamento providencial (um casamento careta, uma religião limitadora, um martírio inventado, umas dores lombares) a fim de declarar-se impedida de ser livre.

Cada um sabe de si. Ninguém é obrigado a realizar desejos que não tem. 
Mas pra quem não cansa de expandir-se, a programação é vasta e é proibido bobear. De tudo o que temos aprendido fora de casa, viver com sabedoria tem sido a melhor lição.

Mulheres, Feliz dia a todas nós! 

Martha Medeiros