quarta-feira, 7 de março de 2018

Será que dá pra negar as emoções?


"Ser uma pessoa positiva se tornou uma nova forma de correção moral. Em uma pesquisa que eu recentemente conduzi com mais de 70 mil pessoas, eu descobri que um terço de nós - um terço - nos julga por ter o que chama "emoções ruins" (como tristeza, raiva, e até mesmo pesar) ou ativamente tenta empurrar esses sentimentos para outro lugar. 
A gente não faz isso só com nós mesmos, mas também com pessoas que amamos, como com nossos filhos - nós inadvertidamente os envergonhamos e falhamos em ajudá-los a vê-los essas emoções como inerentemente valiosas. As emoções normais não são vistas como boas ou ruins. 

Mas nós negamos as emoções normais para abraçar a falsa positividade, e perdemos a nossa capacidade de desenvolver habilidades de lidar com o mundo como ele é, e não como a gente gostaria que ele fosse. Eu já recebi centenas de pessoas me dizendo o que elas não gostariam de sentir. Elas dizem coisas como, 'eu não quero tentar, porque não quero me desapontar', ou 'eu só quero que este sentimento vá embora'. 

'Eu entendo', eu digo a elas, 'mas você tem desejos de uma pessoa morta'. Só uma pessoa morta nunca é requerida por seus sentimentos inconvenientes. Só as pessoas mortas nunca se sentem estressadas, nunca têm seus corações partidos, nunca experienciam o desapontamento que vem com o fracasso. Emoções difíceis são parte do nosso contrato com a vida. 

Você não consegue ter uma carreira de sentido, ou construir uma família ou deixar o mundo um lugar melhor sem estresse e desconforto. Desconforto é o preço de admissão para uma vida com sentido."

(tradução livre de um trecho do TED talk da Susan David, "The gift and power of emotional courage") tirei daqui


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Meus desejos para 2018


"procurar acreditar na vida, 
trabalhar minha espiritualidade, 
respeitar o próximo,
 ter esperança, 
ver o lado bom das coisas, 
compartilhar, 
ajudar e pedir ajuda aos outros,
 acreditar em mim mesmo."

Renato Russo
(Meus desejos para 2018) 



quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Como você trata os outros?


"Você é uma pessoa que quer ser respeitada. Bem tratada. Não quer que mintam pra você, não quer que julguem você pela sua aparência nem que riam de você pelas costas. Não quer que exponham suas intimidades por aí. Quer que sejam empáticos, compreensivos e honestos, que sejam parceiros.

Mas como você trata os outros? 

Você não julga pela aparência? Não tem expectativas difíceis de serem alcançadas e ri pelas costas dos que não alcançam? Você é compreensiva com quem não tem um bom desempenho ou não se encaixa no padrão que você deseja? Você valoriza quem te trata bem e te respeita, independente das limitações que possa ter? Você preserva as intimidades deles? 
Você seria alguém em quem você confiaria? Que você admiraria? Alguém que te faria sentir confortável? 

Não use suas feridas e as experiências ruins que já teve para justificar atitudes desrespeitosas. As relações humanas não devem entrar em um círculo vicioso em que você se vinga de ter sofrido fazendo outra pessoa, que não tem nada a ver com isso, sofrer. 

Vigie-se. Comece por você. Comece por ser uma pessoa ética nas suas relações. Comece por ser aquilo que você gostaria de encontrar no outro. Assim você vai ver que não é fácil. Vai ter que aprender a se perdoar e a perdoar os outros. A se respeitar e a respeitar os outros.
O preço que pagamos como sociedade pelo "fo**-**" que decidimos dar diariamente, usando como argumento que "todos são assim mesmo", é muito mais alto do que podemos imaginar."

Cecília Dassi



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Dissolução das amarras


"Me perdoem se parece egoísmo mas declaro a dissolução das amarras que me prendem, me sufocam, me enfraquecem, me confundem. 

Me liberto da necessidade de curar o outro, de carregar em minhas costas uma humanidade doente, uma ancestralidade que insiste em não aprender com a dor e àqueles que se vitimizam a só receberem sem se doar. 

Esta carga não é mais minha, eu a devolvo. Dissolvo os pesos, a culpa, os contratos de fidelidade, os nós. Me despeço dos abusos, dos excessos, do cansaço, dos intermináveis deveres àquele que poderia fazê-lo a si próprio. Vamos, levanta como me levantei... minhas cicatrizes, lágrimas, suor e amor são o que posso compartilhar- ser resultado do que fui, simplesmente.

Me mantenho em serviço, porém me liberto. Em humildade, honra e respeito... posso enfim respirar em paz, voando mais leve, além de mim mesma."

Tirado do Instagram de @danzamedicina 






terça-feira, 12 de setembro de 2017

Sobre determinação


"Há momentos difíceis na vida.
Grandes ou pequenas, as dificuldades
Podem ser decisivas.
Somente a firme determinação
De enfrentar as adversidades
Leva o indivíduo a vencê-las verdadeiramente.
Nessas horas cruciais,
Jamais hesite o mínimo."

Daisaku Ikeda


terça-feira, 15 de agosto de 2017

A mudança vem de dentro


"A mudança é algo que começa de dentro para fora e reveste-se de uma consciência profunda sobre a necessidade de procuramos formas de equilíbrio e de bem-estar pessoal. A nossa forma de pensar, de ver as coisas, de as sentir, altera completamente a forma como captamos o mundo exterior. Nesta alteração, desenvolve-se parte dos nossos relacionamentos com o Outro e infelizmente, neste jogo, quase ninguém conhece as regras. É necessário vermo-nos por dentro, para disfrutarmos do que esta cá fora. Para, no final das contas, conseguirmos ter relações com tudo o que nos rodeia, já que é disso que se trata. 

Deixamos de disfrutar da leitura de um livro, para estarmos a competir num mundo onde a energia masculina impera, deixamos de cuidar de nós, para estarmos alerta num espaço onde o afeto pode ser o elo mais fraco, deixamos de conversar, para apenas falar, deixamos sobretudo de ouvir, para escutarmos. A polaridade que inverte a sensibilidade para o que de mais rude absorvemos, dá-nos a falsa segurança de que nos protegemos de investidas desleais, de movimentos em falso, de valores de juízos. Deixamos de exercitar as emoções, para preferir o desapego. Com o tempo, percebemos que estamos doentes, não física, mas emocionalmente. Concluímos, tarde demais, que desperdiçamos tempo e energia vital com uma forma de vida menor: menor na intensidade, menor na sua expressão, menor na sua condição, menor na sua longevidade. 

Estar atento, colocar-se no lugar do outro, ver o mundo lá fora como reflexo do nosso universo interior, dar valor às nossas emoções, respeitar a dos outros, distribuir afetos e saber receber, mostrar gratidão, não ter pressa, saber esperar, aceitar, reconhecer o choro são estratégias de desenvolvimento Yin."

Trecho daqui




terça-feira, 8 de agosto de 2017

Terapia contra as compras compulsivas por Livros


"Depois de passar há uns meses por uma terrível crise das prateleiras, e logo depois atravessar uma crise bem pior ao encaixotar toda minha biblioteca por causa da mudança, pousei em Barcelona no comecinho de setembro com o firme propósito de voltar a utilizar a rede de bibliotecas públicas da cidade. Fazia, pelo menos, sete ou oito anos que eu não utilizava a carteirinha, mais que os três anos que morei no Brasil, pois depois de uma primeira fase de uso intensivo das bibliotecas, eu tinha virado um CCL (um Comprador Compulsivo de Livros), uma das espécies mais perigosas e letais de MCC (Monstros Consumistas Culturais).

Preparei minha volta às bibliotecas públicas fazendo uma lavagem cerebral, segundo a qual o importante não era ser um CCL, mas um LCL (um Leitor Compulsivo de Livros). Felizmente, e contra todo prognóstico, minha carteirinha ainda funcionava, então comecei a passear entre as prateleiras da biblioteca mais próxima de minha casa na procura dos livros que levaria. Nessa primeira visita, da qual trouxe o maravilhoso Tirana memoria, do escritor salvadorenho Horacio Castellanos Moya, um dos escritores mais interessantes da atualidade, e nas seguintes, uma vez ativada a rotina de ir à biblioteca para devolver os livros e levar novos, acabei criando uma terapia que talvez seja útil para quem, devido a motivos econômicos, amorosos, psicológicos ou de espaço nas prateleiras, precisa abandonar sua condição de CCL e entrar no mais saudável mundo dos LCL.

É o que eu chamo da “terapia jotapê contra o vício do Consumo Compulsivo de Livros”. Se você foi diagnosticado com essa doença (e se já superou a fase de negação), pode usar as seguintes sugestões. Eu garanto resultados em menos de três visitas à biblioteca pública.

1. “Todos esses livros são meus”. Esse pensamento é a base de toda a terapia. Se você não consegue acreditar verdadeiramente nele será impossível abandonar a compulsão do consumo. Tente o seguinte: passear entre os corredores da biblioteca imaginando que você está em casa e que pode pegar qualquer livro que quiser e ler. Enquanto passeia, repita mentalmente, uma vez e outra, como se fosse um mantra: “todos esses livros são meus, todos esses livros são meus, todos esses livros são meus”. Você acha que sou maluco? Nada mais longe disso: você realmente pode pegar qualquer livro e ler, a biblioteca é pública, é de todos, o que quer dizer, a efeitos práticos, que todos esses livros são meus e de todo mundo.

1.1. Muito importante: não diga que todos os livros são seus em voz alta, ninguém quer acabar no hospital psiquiátrico (onde, aliás, entre outros muitos inconvenientes, não há boas bibliotecas).

2. Leve sempre mais de um livro para casa. Se a biblioteca permite levar três livros, leve três. Se cinco, cinco. Siga a seguinte regra: levar um livro que você quer muito ler, mas muito, muito mesmo (e que, de fato, você vai ler); leve outro(s) livro(s) que você acha que gostaria de ler (aqueles livros que alguém recomendou ou que receberam boas críticas); e leve sempre, no mínimo, um livro de um grandíssimo escritor, de um clássico universal ou de um autor de culto. Assim, você conseguirá reproduzir em casa o mesmo clima criado pelo Consumo Compulsivo de Livros sem consumir: você vai ler o livro que queria muito ler, você vai dar uma olhadinha no(s) livro(s) que você achava que ia gostar de ler (e provavelmente vai ler um deles, mas só provavelmente), e (importantíssimo) você vai sentir a culpa de não ler esse Proust ou Sófocles que estará atormentando você desde algum canto da casa.

3. Quando o demônio do Consumo atacar: PEGUE OS LIVROS E VOLTE PARA A BIBLIOTECA CORRENDO. E não esqueça, assim que estiver entre as prateleiras, repita mentalmente: “todos esses livros são meus, todos esses livros são meus”.

4. Faça alguma coisinha nos livros que você lê, sem estragar o livro, por favor. Sublinhe uma frase com lápis, dobre o canto de uma folha, “esqueça” um recibo ou um bilhete entre as páginas.

5. Se você se encontrar na biblioteca com algum amigo ou conhecido por casualidade, atue como se fosse o anfitrião, mostre o espaço, faça sugestões de leitura, dê dicas. Tenha cuidado de não utilizar a primeira pessoa nas explicações (ver ponto 1.1).

6. Passe intencionalmente pela prateleira da biblioteca onde fica algum dos livros que você leu. Faça de conta que foi uma casualidade, leia as lombadas dos livros vizinhos e quando chegar ao livro lido, sinta esse arrepio de felicidade: “esse eu já li”.

7. Se você está passando por uma crise de abstinência de consumo, pegue o livro lido (ver ponto 6) e dê uma folheada: o que você tiver feito nesse livro (ver ponto 4) incrementará a sensação de que esse livro, e todos os livros da biblioteca, é seu.

8. Aproveite para socializar. Se você descobrir uma pessoa com os dedos na lombada de um Gombrowicz, de um Sérgio Sant’Anna ou de um César Aira, o que você está esperando para puxar conversa!? Não é todo dia que você encontra um desconhecido interessante passeando entre as prateleiras da sua casa.

9. Como resultado de tudo o que foi exposto anteriormente, vire um UCB, um Usuário Compulsivo da Biblioteca.

Imagino que alguns leitores desta coluna estarão pensando: claro, você disse isso porque você está morando em Barcelona, onde as bibliotecas públicas são ótimas, e na América Latina não é bem assim etc. Mas isso é uma meia-verdade: eu, pelo menos, antes de estar viciado em CCL, usei muito as bibliotecas públicas do México e também a bibliotequinha de Sousas, em Campinas, onde meus filhos tinham carteirinha e a gente ia ler.

É verdade que as bibliotecas públicas do México e do Brasil poderiam ser bem melhores, mas o jeito mais eficaz de ajudar nessa melhora é justamente esse: utilizá-las. E se não tem uma boa biblioteca perto de casa ou do trabalho, não é hora de começar a se organizar para pedir uma à prefeitura da cidade?

Já dizia minha avó, que estava além das ideologias, mas era muito sábia: a felicidade é pública, a tristeza é privada."